Debate entre candidatos à Prefeitura de Goiânia tem ataques e volta ao passado
A falta de blocos temáticos no debate entre os candidatos a prefeito de Goiânia nesta segunda-feira (19/8) acabou polarizando o confronto em dois grandes eixos: ora os concorrentes trocavam ataques pessoais, ora eles recorriam a suas respectivas trajetórias políticas, apostando na experiência como grande diferencial. A discussão, que durou cerca de 2 horas, foi organizada pela TV Brasil Central em parceria com a TV Alego.
Ao todo, foram seis blocos nos quais Adriana Accorsi (PT), Fred Rodrigues (PL), Matheus Ribeiro (PSDB), Rogério Cruz (Solidariedade), Sandro Mabel (União Brasil) e Vanderlan Cardoso (PSB) fizeram perguntas entre si, com a liberdade de escolher o assunto e podendo confrontar o rival entre réplicas e tréplicas.
Ao longo do evento, no entanto, os candidatos acabaram ficando na superfície do debate acerca dos principais problemas enfrentados pelos goianienses. Adriana, por exemplo, lembrou seu trabalho como delegada de polícia, deputada estadual e federal e sua trajetória no campo do combate a crimes de gênero.
Questionada sobre a ausência do vermelho – cor adotado pelo PT desde sua criação – ela explicou que optou pela cor lilás que é um símbolo de luta pelo fim da violência contra a mulher. “Até o ano passado, Goiás era o 7º estado com maior número de feminicídios no Brasil. Os municípios precisam entrar nessa luta. Abriremos novas vagas para a Guarda Civil Metropolitana de Goiânia e instalaremos 6 mil novas câmeras de videomonitoramento que já contarão com recursos de Inteligência Artificial”, prometeu.
Todos pela segurança
Usando o mesmo tom, Vanderlan Cardoso (PSB) frisou que, apesar de estar mais relacionado ao Estado e à União, o combate à violência fará parte de sua gestão. Ele também fez questão de destacar que está preparado para o desafio, visto que esteve à frente de Senador Canedo por duas vezes, em 2005 e em 2008. “Senador Canedo era uma das cidades mais violentas do país, era uma cidade-dormitório e foi transformada em um município que gera emprego”, lembrou.
Vanderlan ratificou que, além de Rogério Cruz (Solidariedade) – a quem teceu inúmeras críticas, ele é o único nome da disputa que já teve uma vivência à frente de uma gestão municipal. “Como prefeito de Senador Canedo, busquei referência no trabalho de Pedro Ludovico Teixeira [governador e interventor federal de Goiás], o que me possibilitou planejar uma cidade 30 anos para frente.”
Apoio de peso na melhoria do transporte
Quem também revisitou sua longa carreira política, passando pelos cargos de deputado estadual, deputado federal e ex-assessor do ex-presidente Michel Temer (MDB), foi Sandro Mabel, que ainda bateu forte nas vantagens de se ter na Prefeitura um candidato com maior abertura junto ao governo estadual. No caso do empresário, a “abertura” é um passe livre, visto que foi Ronaldo Caiado quem trouxe o goiano do mundo corporativo de volta à política.
Segundo Mabel, essa parceria refletirá em aspectos diversos da gestão municipal, mas, principalmente, no transporte público. “Colocaremos 200 novos ônibus nas ruas a cada 6 meses. Todos com ar-condicionado, wi-fi e capacidade para de fazer uma maior quilometragem por hora. Já tenho a palavra do Caiado nessa empreitada”, adiantou, emendando outros dois projetos: permitir que os motociclistas trafeguem livremente pelos corredores do ônibus e criar novos pontos onde será permitida a conversão à direita, mesmo com sinal vermelho “Isso vai dar uma agilidade incrível ao trânsito.”
Continuidade na melhoria da saúde
Como não poderia deixar de ser, Rogério Cruz (Solidariedade) foi o candidato que mais falou do passado. Finalizando sua gestão à frente de Goiânia, e tendo passado 4 anos da Câmara Municipal de Goiânia, como vereador, já no início do debate ele reforçou que vai entregar o BRT Norte-Sul, destacou a boa posição da capital goianiense no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e salientou a entrega de mais de dez mil escrituras em diversos bairros da cidade.
No mais, ele evidenciou a reinauguração do Hospital Municipal da Mulher e da Maternidade Célia Câmara que “ficaram mais modernos, com novos serviços”. Além disso, também saíram do papel novas Unidades de Saúde da Família (USFS), o Centro Integrado de Pediatria (Ciped) e a transformação de Centros de Saúde em Hospitais Especializados. A promessa para uma próxima gestão é construir um hospital psiquiátrico. “Essa vontade nasceu pós-pandemia de covid-19 e agora vai se concretizar.”
O problema do lixo
Um dos pontos deixados de lado por Rogério Cruz serviu de gancho para Matheus Ribeiro (PSDB), que prometeu transformar Goiânia na primeira capital lixo zero do Brasil. “A ideia é investir em ações simples como a instalação de contêineres residenciais e a transparência da organização da coleta. Mas, acima de tudo, instaurar uma auditoria na Comurg e conseguir colocar a empresa prestando serviços para a cidade de forma austera, transparente e sem oneração, sem desperdício de dinheiro.”
A vontade do candidato é investir pesado em sustentabilidade e fazer valer o título ‘Cidade Arborizada do Mundo’ – condecoração que a capital ganhou no início do ano, pela Organização das Nações Unidas (ONU), por possuir mais de 1 milhão de árvores em seus 32 bosques e parques. “Eu sou um jovem, tenho 31 anos, e estou em busca de uma oportunidade de cuidar dessa cidade que precisa tanto. O que venho oferecer é a renovação. Tá na hora de mudar!”
Ataques
O candidato do PL, Fred Rodrigues, usou uma estratégia curiosa no debate desta segunda-feira (19/8). Falando pouco sobre suas propostas para Goiânia, ele preferiu atacar os adversários, lembrando, por exemplo, da denúncia do diretório estadual do PSDB, assinada pelo presidente nacional do partido, Marconi Perillo, por possíveis irregularidades na construção do Complexo Oncológico de Referência do Estado de Goiás (Cora). Ao mencionar esse episódio, Fred se direcionou a Matheus Ribeiro, candidato do PSDB. “É esse o partido que você representa. Um partido que tentou barrar uma obra de hospital”, disse. Mirando Adriana, ele citou a “crise do lixo” em 2015, quando, sob gestão de Paulo Garcia (PT), a empresa Metropolitana paralisou a locação de seus 29 veículos à Comurg e a coleta foi suspensa por cerca de 45 dias.
“Me coloquei como eleitor e não fui bem recebido. O que provei é que os candidatos não têm sustança para administrar Goiânia. Eleitor, não se deixe enganar!”