Por iniciativa do deputado Mauro Rubem (PT), a Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) realizou na manhã desta quinta-feira, 8, audiência pública híbrida com o tema “A crise no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e do Serviço de Atendimento ao Transporte Sanitário (Sats) em Goiânia e em Goiás”. O evento teve lugar no auditório 2 do Palácio Maguito Viela e contou a presença de diversas autoridades, como o secretário de Saúde de Goiás, Rasível dos Reis Santos Junior, e o diretor nacional de Auditoria do Ministério da Saúde, Alexandre Alves Rodrigues, que participou remotamente.
Integraram a mesa dos trabalhos, ainda: a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Sistema Único de Saúde de Goiás (Sindsaúde), Luzinéia Vieira dos Santos; o presidente da Associação dos Servidores do Samu, Jeferson Brito; o chefe do Serviço de Auditoria do Estado de Goiás, Kleber Temponi (participação remota); a conselheira municipal de saúde de Goiânia, Flaviana Alves; e a diretora de Saúde do Trabalho do Sindisaúde, Marlene França.
Problemas
Ao iniciar o encontro, Mauro Rubem informou que, em conversa com o secretário de Saúde de Goiânia [Wilson Pollara], ficou evidente que os serviços não serão terceirizados e não haverá ônus aos servidores da área. “A razão dessa audiência pública é apresentar o processo para reestruturar e melhorar a qualidade do serviço do Samu. Claro que essa situação não é de hoje, não é um problema da gestão atual da pasta, mas temos no secretário Wilson Pollara a esperança de que essa crise se resolva”, declarou.
Presidente da Associação dos Servidores do Samu, Jeferson Brito destacou que os problemas se concentram especialmente quanto à frota e serviços de manutenção dos veículos e a falta de equipamentos de proteção individual dos servidores. Ele reiterou que a situação já é observada de perto pelo Ministério Público de Goiás e por auditorias do Ministério da Saúde. “Quem sofre é a população, que liga para o 192, solicitando um resgate de urgência e fica aguardando muito tempo pelo atendimento. Então, peço que as autoridades tomem providências, pois precisamos sanar esses problemas.”
Servidores
Iris José é servidor do Samu e interviu em favor da categoria. Ele é motorista de resgate de urgência há 18 anos e se posicionou contrário a terceirização do serviço, pontuando que, caso isso ocorra, os funcionários ficarão estacionados e a população é quem mais sofrerá. “Nós estamos ali para trabalhar, mas como bater um prego sem martelo? Os veículos estão sucateados, muitos encostados. E a culpa não é dos motoristas. Eu nunca faltei um dia de serviço, nunca cheguei atrasado, mas sem o básico, como realizar minhas atividades?”, indagou.
A presidente do Sindsaúde ressaltou que os problemas que o SUS enfrenta no Estado não são de agora. Luzinéia afirmou que para o pleno funcionamento do sistema, é importante promover discussões no âmbito da administração pública com a sociedade, sobretudo para encontrar caminhos e soluções aos problemas.
“A população de Goiânia a e do Estado necessita de um atendimento de urgência e emergência que seja de fato eficiente e eficaz. A gente tem esperança e uma expectativa muito grande em sair dessa audiência com estratégias para a resolução desses problemas, que são extremamente complexo. Existem possibilidades, principalmente quando tem vontade política, quando tem envolvimento na resolução”, afirmou a sindicalista.
MS atento
O diretor nacional de auditoria do Ministério da Saúde, Alexandre Alves Rodrigues, agradeceu o convite para participar da audiência e afirmou estar totalmente à disposição para qualquer diálogo. Ele contou que vem se debruçando sobre essa pauta diariamente, visando promover soluções para os problemas que vem ocorrendo no Samu. “Queremos encontrar as melhores soluções, nossa equipe de auditores de Goiânia é competente e experiente e partilhamos o mesmo sentimento, que é colocar o Samu para funcionar com eficiência.”
Por fim, o secretário de Saúde de Goiás, Rasível Santos, apontou os principais pontos que precisam ser melhorados no SUS: departamento de urgência, dificuldade de internação, recusa de recebimento de ambulância, transportes fragmentados e desorganizados, ausência de atendimento especializado, atendimento e lotação nos serviços de urgência de paciência de baixo risco, sistema despreparado para maxi-emergência ou aumento da procura.
Nesse ínterim, ele afirmou que, para organizar o sistema, é preciso começar pela base e elencou soluções necessárias, como: estruturação em rede, coordenação e comando único; regionalização, categoria de serviços, linguagem única e trabalho com indicadores que avaliem a performance dos serviços e da rede. “A falta de critérios para distribuição dos serviços de urgência é um grande desafio para nós. Essa distribuição precisa ser baseada em tempo/resposta e qualidade e risco”, pontuou Rasível.
O gestor concluiu sua explanação afirmando que entende os desafios que precisam ser superados. Ele disse que se houver um plano de ações, trabalho e organização, os problemas serão resolvidos. “Cada vida nos importa, sim, não podemos normalizar a perda delas por falta de assistência.”